sábado, 8 de agosto de 2015

Abraça-me para que fique...

Lembras-te da nossa ultima discussão?
Lembras-te que no fim, depois de nos atacarmos mutuamente, lembras-te que antes de sair de pedi um abraço?
Sei que no fundo nunca percebeste aquela mudança. O porque daquele pedido tão sincero e sentido. Não foste capaz de entender que te pedi aquele abraço não apenas porque eu precisava mas porque se não fosse ele possivelmente não voltaria. Sairia dali com a certeza que depois de tudo o que disse e depois de tudo o que ouvi eu não teria forças para voltar. Não quereria voltar.
Sairia com a certeza de que não teria forças para mais.

Pedi-te aquele abraço para que me lembrasses que eu ainda te amo. Que me lembrasses que temos uma vida em comum pela qual eu tenho que lutar. Sim eu, porque tu já há muito que deixaste de lutar. 

Precisei daquele abraço para que as oito horas de trabalho que tinha pela frente não fossem passada a planear a minha vida a partir daquele dia. Para que não fossem passada no sofrimento de um novo começo, sozinha. 
E embora aquele abraço tenha "tapado" a ferida, não a curou.
Não me saiem da cabeça as palav
ras de desprezo de desamor, as palavras que me puseram na ponta do abismo sem saber se teria forças para recuar. 
E apesar daquele abraço, tudo mudou. E agora mesmo que eu tente não consigo ser o que era, não consigo amar-te da mesma maneira, não consigo sentir-me louca de amor como antes. Sei que te amo porque de outro modo não me aguentaria e porque embora muita coisa tenha mudado, nada mudou o suficiente para que não te ame. Mas já não me sinto apaixonada, já não me sinto feliz. 
Já não consigo ser carinhosa contigo porque sei que não posso esperar o mesmo carinho. Cada toque que te dou sinto-me culpada porque sei, e sei porque tu mesmo o disseste, que achavas esses gestos desnecessários. Deixaste de gostar do meu toque, da minha maneira carinhosa e infantil de te mimar, deixas-te de valorizar todas as palavras de amor que eu te dizia. 
Passei de tua mulher, a somente mãe dos teus filhos. 
Poderia estar a exagerar mas sei que não é o caso. Deixaste de me elogiar como mulher para me veres e avaliares apenas como mãe. Deixaste de cobiçar a mulher que tinhas a teu lado. 
Mas não é de agora. Eu é que estava tão cega de amor que me esqueci de ver todos os sinais que me foste dando pelos anos fora.
Nunca comemoramos um aniversário de namoro, um dia dos namorados e em cinco anos a unica prenda que recebi nos meus anos foi apenas o Winnie the Pooh que me deste tínhamos nos começado a namorar à 3 meses. E mesmo isso, mesmo isso fartaste de referir o dinheirão que tinhas gasto num peluche. Sempre me deste sinais, sinais óbvios que eu não via. Em cinco natais juntos apenas no primeiro me deste um presente, e todos os outros eu fui desculpando pensando que a nossa vida financeira não estava favorável a gastos, mas depois penso. Em todo os natais eu comecei a juntar meses antes para te dar um presente, algo que eu sabia que te iria surpreender. E em em cinco anos apenas num dos natais eu realmente não te consegui oferecer uma prenda. E só eu sei como me senti mal com a ideia de não oferecer algo à pessoa que amava. 
Não se trata dos bens, não se trata do valor gasto. Trata-se sim da vontade que eu tinha de te ver feliz, surpreendido, aquele suspense que fazia sempre fingido não ter nada para te dar. 
Há duas semanas foi o meu aniversário e ao contrario do que possas pensar não fiquei triste por não ir jantar fora, não fiquei triste por ter de trabalhar no meu dia de anos, fiquei triste sim porque não acordei com um beijo de parabéns, não acordei com um bilhete em cima da mesa, não recebi uma mensagem a dizer que era das pessoas mais importantes para ti, não me elogiaste, não chegas-te com um presente que até poderia ser uma boneca de trapos, não me valorizaste mais uma vez. 
Não quero acreditar que não me ames, pois assim só seria mais difícil suportar.
Mas também preciso de pensar que merecia mais, merecia alguém que ansiasse por me ver, que ficasse boquiaberto quando me ponho bonita para sair, alguém que ainda me olhasse com um ar apaixonadíssimo, alguém que me desse um abraço sem que tivesse de pedir. Que me desse uma rosa porque sim, que me dissesse que sou linda até no momento em que me sentir mais feia. 
 Neste momento só sinto um vazio, dou por mim a tentar ir buscar forças aquele piropo mais parvo que me disseram na rua, dou por mim a querer ser cobiçada por outros homens para perceber que não sou assim tão desprezível, tão desinteressante. Que ainda sou capaz de despertar emoções. 
Não que queira algum coisa com outro homem, só quero aquilo que o homem que amo não me dá. Atenção.
Sinto-me muitas vezes egoísta, penso que se calhar estou a ser superficial, mas as pessoas não se fazem apenas daquilo que dizem mas também daquilo que esperam ouvir. Nunca pediste desculpa, nunca soubeste admitir que não devias ter dito algo que sabes que me magoou. Nunca pediste desculpas mesmo depois de tantas vezes te chamar a atenção para tudo o que aqui escrevi, fizeste sempre de me fazer sentir estupida por me sentir assim, mas não me consigo mais sentir estupida. Estou farta de me suprimir a mim mesma. De me fazer acreditar que não preciso de mais, mas eu preciso preciso de Amor por inteiro. 


Eu amo-te mas não sou feliz.